Radioatividade
Olá pessoal!
O tema de hoje é
RADIOATIVIDADE! Quem nunca leu ou ouviu essa palavra e logo pensou “Ih, não é
coisa boa!”. Atendendo ao pedido de alguns de nossos alunos do Colégio Estadual
Gastão Vidigal hoje abordaremos alguns dos acidentes
radioativos que marcaram a história e falaremos do Césio 137, átomo radioativo responsável pelo acidente em
Goiânia/GO.
Acidentes
radioativos que marcaram a historia
Nossa história é
registrada por vários acidentes nucleares que deixaram marcas e ainda causam
medos. Um dos mais lembrados é o de Chernobyl,
na Ucrânia, em 1986. Na ocasião, houve uma explosão seguida por um incêndio
em um reator, que emitiu partículas radioativas que se espalharam por milhares
de quilômetros quadrados. O episódio foi classificado com nível 7 e é apontado
como o responsável por gerar mais de 4 mil casos de câncer.
Outro acidente
nuclear classificado com nível 7 foi o ocorrido recentemente, no Nordeste do Japão, na Usina de Fukushima Daiichi.
Após o terremoto seguido por tsunami, no dia 11 de março (de 2011), a estrutura da usina foi abalada e houve
explosões e vazamentos. A água e o ar foram contaminados por partículas
oriundas da usina. A decisão de elevar o nível de ameaça em Fukushima foi
tomada depois que especialistas estimaram o nível de radiação em 10 mil
terabecqueréis* por hora na Usina de Fukushima por várias horas.
Acidente nuclear no Brasil
“Naquele dia,
dei uma bronca no Ivo (irmão de Devair) porque ele não tinha ido vê-lo, e meu
cunhado e a Maria Gabriela estavam doentes. Quando ele voltou, já trazia o
césio no bolso, achando que alegraria todos. Depois de tocar no césio, minha
filha Leide foi comer um ovo que preparei para ela, que andava ruinzinha para
comer. Não notei que ela não tinha lavado a mão, mas achei estranho a cor escura
do caldo que escorria entre os dedos que seguravam o ovo, e acabei dando uma
bronca. Mas já era tarde. A partir dessa noite ela arroxeou a boca. Poucos dias
depois morreu. O efeito físico que sofri do acidente? Essa ferida no coração.”
Lourdes das Neves Ferreira, 50 anos – Acidente em Goiânia/GO.
Na cidade de
Goiânia, durante a ensolarada e calorenta tarde domingueira de 13 de setembro de 1987, dois sucateiros
Roberto Santos Alves e Wagner Mota Pereira dirigiram-se às ruínas de um prédio
situado entre as Avenidas Tocantins e Paranaíba, no centro da cidade, onde
funcionara uma clínica de radioterapia, visando retirar do local um equipamento
abandonado. Movia-os a possibilidade de utilizarem o chumbo que revestia o
aparelho para vendê-lo como sucata a um dos ferros-velhos da cidade. Recolheram
uma de suas partes e, com a utilização de um carrinho de mão, levaram-na para a
moradia de Roberto, no n0 68 da Rua 57, no Setor Central. No quintal da casa,
usando ferramentas comuns, separaram a parte de chumbo do restante da peça,
rompendo a janela de irídio que protegia a cápsula de césio 137, o que permitiu
a liberação de radioatividade para o meio ambiente. Tinha início aí o acidente
com o césio 137 em Goiânia. A partir da violação do lacre do equipamento, a radiação
foi liberada para um grupo de pessoas que manipularam partículas de césio 137
como se fossem sucata comum.
Como
consequência, os efeitos do acidente atingiram homens, mulheres, crianças,
animais domésticos, casas, ruas, chegando até à atmosfera. A radiação,
oficialmente, atingiu uma área de 2.000 m2 não contínuos,
infiltrando-se no solo até a profundidade de 50 cm, em alguns pontos,
provocando a necessidade da derrubada de árvores e plantas, num raio de 100 m
das zonas afetadas, foram demolidas sete casas e gerados 6.500 m3 de rejeitos
radioativos. De acordo com informações oficiais, quando o fato se tornou
público dezesseis dias mais tarde, 249 pessoas já estavam contaminadas ou
irradiadas, entre as quais quatro faleceram em menos de um mês contado a partir
da divulgação do acidente.
Para mais, leia:
“GOIÂNIA É AZUL: o acidente com o césio
137” de Elza Guedes Chaves.
Mas
afinal, o que é o Césio 137 e por que ele é tão perigoso?
O pó encontrado
dentro da cápsula de chumbo em Goiânia era o cloreto de césio, um sal de
fórmula CsCl, sendo que o Césio deste composto é um tipo de átomo radioativo do
elemento. A propriedade de bilhar no escuro, luminescência, do misterioso pó
chamou a atenção do sucateiro que levou para casa e mostrou a sua família, parentes
e amigos. Estes, por sua vez, ao tocarem no pó, involuntariamente espalharam
césio radioativo, um vilão invisível e silencioso, mas extremamente perigoso.
Bom, o Césio 137
(137Cs) é um tipo de átomo do elemento Césio, isótopo (átomos com
mesmo número de prótons, mas diferente numero de nêutrons¹) que possui comportamento radioativo. Seu núcleo não é
estável e, para atingir esta estabilidade, emite radiação.
Após emitir
radiação por um tempo determinado, todo o césio transforma-se no elemento bário
(número atômico 56). Para se ter uma ideia do tempo que isto demora para
acontecer, temos um parâmetro chamado meia vida, que indica quanto tempo demora
um determinado elemento radioativo para ter sua atividade radioativa diminuída
pela metade. No caso do 137Cs este tempo é de aproximadamente trinta
anos.
Na transição entre Césio e Bário,
ocorre emissão de radiação do tipo β (beta), enquanto que na transição da etapa
da passagem do Bário instável èbário estável, ocorre emissão de
radiação do tipo γ (gama). No
caso de Goiânia, o césio estava na forma de sal cloreto de césio (CsCl(s)),
fato que potencializou a contaminação em massa, pois trata-se de um sal
altamente solúvel em água.
A radiação β
(que pode ser contida por uma placa metálica fina ou madeira) tem um poder de penetração
bem menos intenso que a radiação γ (que só pode ser barrada por grossas
paredes de concreto ou chumbo, conforme ilustra a seguinte figura:
Como a radiação γ tem alto poder de penetração,
esta é potencialmente mais perigosa que as demais radiações.
Mas calma, devemos nos informar e
não ter medo desses elementos! Quando utilizados adequadamente, os elementos
radioativos são muito úteis. O 137Cs juntamente com o 60Co
são muito utilizados na medicina, principalmente como fonte moderada de raios
gamas, radiação utilizada para a inativação do câncer em seres humanos e na
esterilização em escala industrial. Porém, este uso é controlado e aplicado
somente nas regiões de interesse. A radiação γ, devido ao seu alto poder de penetração, interage
com os componentes de nosso corpo, produzindo excitação e ionização das suas
moléculas. Seria como se, neste texto, a radiação conseguisse arrancar algumas
letra e palavras. Dependendo da quantidade e de quais letras ou palavras são
retiradas, o sentido do texto seria afetado. O mesmo ocorre com nosso corpo: o
tempo de exposição e a região afetada determinaram a gravidade do caso.
Nossas células
carregam consigo o DNA, o qual tem o código genético da pessoa. Se este código
é afetado pela radiação, a pessoa pode até não desenvolver nenhuma patologia,
mas os filhos desta podem ter problemas físicos de má formação devido à
mutações geradas pela radiação.
Espero que vocês
tenham gostado do assunto de hoje!
Bons estudos,
boa diversão e até a próxima semana.
Referências:
1Química cidadã:
química orgânica, eletroquímica, radioatividade, energia nuclear e a ética da
vida, volume 3: ensino médio/ Wildson Luiz Pereira dos Santos, Gerson de Souza
Mól, (coords.). – 1 ed. – São Paulo: Nova Geração 2010. – (Coleção química para
a nova geração)
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-04-12/acidentes-radioativos-marcam-historia-recente-do-mundo
- consultado em 7 de setembro de 2012
http://perigoconcreto.blogspot.com.br/2010/01/depoimentos-das-vitimas-do-cesio-137.html
- consultado em 5 de setembro de 2012
http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/agosto2007/textos/dossieGoianiaAzul.pdf
- consultado em 8 de setembro de 2012
http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2010agosto-cesio137.pdf
- consutado em 8 de setembro de 2012
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