#Inova - Química Verde e a preservação ambiental
Química
Verde e a preservação ambiental
Escrito
por: Cynthia Yuri Yamada Henrich
A
Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, trouxe consigo um enorme
crescimento e desenvolvimento econômico. Porém, esse desenvolvimento acelerado,
desconsiderou, em partes, questões ambientais, que acarretaram consequências
agravantes, como a mudança climática global e diversos outros impactos
ambientais e socioeconômicos (POPI; PINSKY; KULAY, 2020, p. 3043).
Dentre
esses agravantes, está o aumento do efeito estufa, que apesar de ser responsável
por manter a temperatura do planeta em condições ideais para a sobrevivência
dos seres vivos, ao longo dos anos, tem sofrido alterações devido a crescente emissão
dos gases que contribui para o aumento desse efeito, e se continuarem crescendo
em relação as atuais taxas, nos próximos anos, a temperatura do planeta poderá
aumentar até 4,8°C, resultando na elevação de até 82 centímetros no nível dos
mares e, a partir disso, causando danos incalculáveis na maior parte das
regiões costeiras do planeta (IPCC, 2013 apud POPI; PINSKY; KULAY, 2020, p.
3043). Nesse sentido, “a emergência das mudanças climáticas e suas
consequências, associadas ao aumento da competitividade global, às regulações
ambientais e sociais, e às mudanças tecnológicas aceleradas desafiam cada vez
mais as empresas a inovar com foco em sustentabilidade” (POPI; PINSKY; KULAY,
2020, p. 3044).
Tendo
essa percepção, torna-se inevitável e necessário olhar os impactos e problemas ambientais,
e pensar em possíveis soluções. Analisando a sustentabilidade e o contexto
ambiental, algumas empresas estão repensando suas formas de produção de modo a
prevenir ou eliminar possíveis causas dos impactos ambientais com a ajuda de
uma metodologia conhecida por Química Verde (MEIRELLES, 2014).
Logo
após a criação da Lei de Prevenção à Poluição (LPP) dos EUA em 1991, houve a
elaboração de um programa como parte das ações da EPA (Environmental Protection
Agency) desenvolvido por John Warner e Paul Anastas e nomeado “Rotas sintéticas
alternativas para prevenção da poluição”. Em 1993, esse programa foi acrescido
para inclusão de outros temas como produtos químicos e solventes ecológicos e foi
a partir daí que o termo “Química Verde” surgiu oficialmente, a princípio como
um, novo nome para esse programa.
A
principal ideia dessa área da Química é a redução ou eliminação de substâncias
perigosas no desenvolvimento de produtos Químicos (FARIAS; FÁVARO, 2011). Para que essa ideia seja alcançada,
foram estabelecidos alguns objetivos com o intuito de contribuir para a
preservação do meio ambiente. Dentre eles, podemos citar alguns, como redução
do consumo de energia, de dejetos, de toxicidade, do uso de matéria-prima e de
fontes não renováveis e dos riscos de poluição ao meio ambiente (DIAS, 2021).
Para
ir ao encontro desses objetivos, a Química Verde tem tentado inovar e
desenvolver novas tecnologias e reações Químicas não geradoras de poluição.
Trazendo consigo, algumas obrigações a serem seguidas, como: utilizar reagentes
alternativos, renováveis e que diminuam a perda de materiais, substituir os
solventes tóxicos, minimizar o consumo de energia e desenvolver novas
substâncias que não poluam o meio ambiente (GOMES et al., 2018; DIAS, 2021).
Por
meio dessas ações e com o ideal de seguir os objetivos estabelecidos, a Química
Verde é regida por 12 princípios (GOMES et al., 2018; DIAS, 2021), mostrado na
Figura 01.
Figura
01. Os doze princípios norteadores da Química Verde
Fonte: Gomes et al. (2018, p.84)
Gomes
(2018), alega que os doze princípios exibidos na Figura 01, estão relacionados
com a ideia de tornar produtos e processos mais benignos, considerando a
sustentabilidade proposta pela Química Verde. Podem ser citados alguns
processos químicos que se destacam por serem práticas benignas aliadas à
sustentabilidade (FERREIRA, DA ROCHA, DA SILVA, 2013, p. 91-93):
·
A
eletrossíntese orgânica devido ao “custo plausível da eletricidade e ao seu
caráter ambientalmente mais recomendável, em comparação com oxidantes e
redutores químicos, em geral poluentes”.
·
Reações
em um único vaso reacional, onde há duas ou mais reações ocorrendo
consecutivamente, gerando economia de solvente e energia.
·
Reações
multicomponentes caracterizadas como reações de alta economia atômica.
Esses
métodos e muitos outros, que são considerados práticas benignas, buscam evitar
a poluição, eliminar os processos químicos prejudiciais ao meio ambiente e
substituir por outros mais sustentáveis e menos agressivos, reduzindo sua
toxicidade. Sendo assim, todos esses são desafios propostos pela Química Verde.
Objetivando
seguir o princípio do desenvolvimento sustentável, vários setores industriais
tem tentado seguir os fundamentos da Química Verde. Para o setor da construção
civil, houve a criação de um Conselho sobre Construção Sustentável dos EUA
(United State Green Building Council - USGBC) que visa a produção de produtos
“ecologicamente corretos”, trata-se de materiais de construção fabricados de
acordo com critérios de sustentabilidade ambiental. Já no setor farmacêutico, a
atenção se vira para a elaboração de medicamentos que não traga efeitos
colaterais adversos para o ambiente, isso ocorreria por exemplo, através do uso
de matérias primas renováveis e catalisadores. Apesar de ser um setor que se
utiliza de insumos de origem fóssil, não renováveis, o setor petroquímico tem
buscado alternativas como uso de bioplásticos e plásticos biodegradáveis (GOMES
et al., 2018).
Diante disso, ressalta-se a importância da sociedade, das indústrias e da comunidade Química percebam as adversidades da situação global, dos impactos ambientais gerados em todos os setores, que tenham uma consciência sustentável e de que a Química tem capacidade de contribuir para minimizar esses problemas. E cada vez que cumprimos com algum propósito da Química Verde estamos avançando para essa consciência e contribuindo para a manutenção da vida.
Referências
Bibliográficas
DIAS, D. L. Química
Verde: A Química Verde é um ramo da Química que busca diminuir ou eliminar o
uso de substâncias que promovem poluição, bem como recuperar a qualidade do
meio ambiente. Manual da Química, 2021. Disponível em: https://www.manualdaquimica.com/quimica-ambiental/quimica-verde.htm Acesso em: 16 ago. 2021.
FARIAS, L. A.; FÁVARO,
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GOMES, R. N.; LIMA, P.
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POPI, M. G. C. B.;
PINSKY, V. C.; KULAY, L. O papel da química verde nas estratégias corporativas
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Business. Curitiba: Brazilian Journal Of Business, 2020. v. 2, p. 3042-3062.
Acesso em: 15 ago. 2021.
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