#Inova - Catálise orgânica: entenda porquê esse estudo foi premiado no Nobel de Química 2021

Catálise orgânica: entenda porquê esse estudo foi premiado no Nobel de Química 2021

Escrito por: Ana Julia Bevilaqua 

Provavelmente você já ouviu falar sobre o Prêmio Nobel, mas você sabe quando ele surgiu? Qual é a premiação? O que ou quem é passível de receber esse prêmio? Vamos discutir um pouco mais sobre esse assunto e entender por que a catálise orgânica foi contemplada no último Prêmio Nobel de Química (edição 2021).

O Prêmio Nobel foi criado em 1901 pela Fundação Nobel, em homenagem ao seu fundador, Alfred Bernhard Nobel, que estabeleceu em seu testamento a conferência de um atestado de excelência às mais importantes contribuições ao progresso da Humanidade (Levinovitz, Ringertz, 2001)

Anualmente são revelados, em meados de outubro, às pessoas indicadas ao Prêmio Nobel, a premiação mundial que confere aos vencedores o reconhecimento por suas pesquisas que colaboram para o desenvolvimento humano da civilização. Atualmente existem seis categorias: Química, Física, Economia, Medicina, Literatura e da Paz. A primeira distribuição dos prêmios ocorreu no dia 10 de dezembro de 1901, data do quinto aniversário da morte de Nobel e, desde então, a cada ano temos a premiação do Nobel nesta data (Mazali, s/a).

A indicação ao prêmio Nobel não é realizada postumamente, a não ser que o laureado tenha falecido no intervalo de tempo entre a indicação e a premiação. Os(as) laureados(as) recebem uma medalha de ouro, um diploma comemorativo e um valor em dinheiro, conforme a renda estabelecida pela Fundação Nobel, responsável técnica e financeira do prêmio (Mazali, s/a).

Desde 1901 até 2020 foram conferidos 950 prêmios em todas as categorias, sendo 186 personalidades da Química laureados em 112 ocasiões. Conforme Mazali (s/a, p. 3), “o Prêmio Nobel de Química foi outorgado a uma única personalidade em 63 ocasiões, em 24 ocasiões o prêmio foi dividido entre 2 laureados e em 25 ocasiões entre 3 agraciados”.

No dia 06 de outubro deste ano, a Real Academia Sueca das Ciências anunciou o prêmio de Química de 2021, que foi dividido por Benjamin List e David MacMillan pelos estudos sobre o desenvolvimento da organocatálise assimétrica. A notícia foi divulgada pelo Twitter oficial do Prêmio Nobel, além de outros meios de comunicação, e obteve mais de 15 mil curtidas nessa mídia social, conforme apresentado na Figura 01.

Figura 01: Divulgação do Prêmio Nobel de Química 2021 no Twitter

Benjamin List nasceu em Frankfurt, Alemanha, no dia 11 de janeiro de 1968, e atualmente atua como diretor na Pesquisa do Carvão no Instituto Max Planck, na Alemanha e David MacMillan nasceu em Bellshill, Escócia, no dia 16 de março de 1968, e é pesquisador da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Eles receberam o prêmio independente por suas pesquisas em organocatálise (The Nobel Prize, 2021).

Mas o que é organocatálise assimétrica e porquê seu estudo conferiu a esses cientistas o Prêmio Nobel? A maioria das reações químicas em nosso corpo, na atmosfera e nos oceanos ocorre por meio de catalisadores, substâncias que alteram a velocidade de uma transformação química sem passar por uma alteração permanente. Os processos químicos industriais utilizam catálise, seja ela homogênea ou heterogênea, para aumentar a eficiência de reações importantes comercialmente. Portanto, “extensivos esforços de pesquisa também são dedicados a encontrar meios de inibir ou remover certos catalisadores que promovem reações indesejáveis” (Brown, et. al., 2016, p. 636).

Normalmente são utilizados catalisadores metálicos ou enzimas como catalisadores. A organocatálise utiliza como catalisadores os compostos orgânicos para acelerar uma reação. Os catalisadores orgânicos tiveram uma rápida expansão já que conseguem induzir a catálise assimétrica. Desde os anos 2000, houve um grande avanço nos estudos voltados à organocatálise assimétrica, sendo Benjamin List e David MacMillan os cientistas reconhecidos nessa linha de investigação, trabalhando de forma independente e até os dias atuais são considerados os líderes nesse campo (Inovação tecnológica, 2021).

Conforme apresentado na Figura 02 e divulgado pelo Twitter, “a descoberta - organocatálise assimétrica - que foi premiada com o prémio #PrêmioNobel 2021 em Química levou a construção molecular a um nível inteiramente novo. Não só tornou a química mais verde, como também tornou muito mais fácil a produção de moléculas assimétricas” (The Nobel Prize, 2021, tradução nossa).

Figura 02: Divulgação da descoberta da organocatálise pelo Twitter.

Essa descoberta é de extrema importância para a indústria farmacêutica, além de ser um grande passo no desenvolvimento da Química Verde. Agora com a organocatálise assimétrica surgirão novos catalisadores orgânicos que contribuirão para a fabricação dos medicamentos, que poderão ser feitos de forma mais barata e em maiores quantidades.

Referências Bibliográficas

Brown, T. L.; LeMay, H. E.; Bursten, B. E.; Murphy, C. J.; Woodward, P. M.; Stoltzfus, M. W. Química: a ciência central. 13 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016.

Inovação Tecnológica. Disponível em: https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=nobel-quimica-catalisadores-organicos&id=010160211006#.YWebgRrMLIX, acesso em 14 de out. 2021.

Levinovitz, A. W.; Ringertz, N. The Nobel Prize: the first 100 years. London: Imperial College Press and World Scientific Publishing Co., 2001.

Mazali, I. O. História e Laureados com o Prêmio Nobel de Química. Laboratório de Química do Estado Sólido, Instituto de Química, Universidade de Campinas, s/a. Disponível em: https://lqes.iqm.unicamp.br/images/lqes_cultural_cultura_quimica3-1_premionobel.pdf, acesso em 14 de out. 2021.

The Nobel Prize. Disponível em: https://www.nobelprize.org/prizes/chemistry/2021/summary/, acesso em 14 de out. 2021.

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