Nota Informativa
Escrito por: Jaime da Costa Cedran, Débora Piai Cedran e Jheniffer Micheline Cortez
Nós,
coordenadores do PIBID – Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM),
pedimos licença para interromper as publicações semanais da revista “Atômica”
para expor alguns problemas que o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
a Docência está vivenciando atualmente.
Primeiro,
vamos contextualizar: O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
– PIBID existe desde 2010, em nível nacional e também em nossa instituição.
Esse programa busca aproximar futuros educadores, que estão em formação inicial
(licenciandos), das escolas públicas da região, para que possam contribuir,
vivenciar, compreender e refletir sobre a realidade dessas escolas. Atualmente,
na UEM são 168 bolsistas (alunos de graduação), 21 supervisores (professores da
educação básica), além dos docentes da universidade, atuando ativamente nas
escolas de Maringá e região.
É
importante ressaltar que todos os envolvidos participaram de processos de
seleção para ingresso no projeto (desde o projeto institucional, contemplado
pelo órgão federal responsável (CAPES), até os bolsistas, as escolas e os
supervisores). Durante a vigência do projeto, que segundo edital 02/2020 da
CAPES, teria duração de 18 meses, os acadêmicos participantes seriam
remunerados com uma bolsa mensal de R$ 400,00, valor que permanece inalterado
desde a instituição do programa em 2010.
No
último edital, o projeto tem se desenvolvido desde outubro de 2020 e pelo
contexto pandêmico supervisores e bolsistas tem se reinventado todos os dias
para conseguir minimizar as dificuldades inerentes ao ensino remoto/híbrido.
Apesar desses obstáculos, testemunhamos todo empenho e dedicação de nossos
bolsistas e supervisores na execução das atividades propostas: nos estudos
teóricos fundamentais na formação de professores; na participação durante as
aulas dos supervisores; na elaboração e aplicação de aulas nas escolas; na
elaboração e publicação dos textos da revista atômica; dentre outros.
Todo
empenho dos acadêmicos, como de qualquer outro trabalhador, deve ser
recompensado pelo pagamento previamente acordado entre as partes no início da
atividade a ser desenvolvida. Isso seria o mínimo esperado. Porém, estamos no
Brasil do ano de 2021. País no qual o negacionismo e a divulgação de notícias
falsas fazem parte da agenda oficial. Obviamente, o investimento em educação,
ciência e tecnologia não são coerentes com tal agenda.
Então,
no presente momento, os bolsistas ainda estão aguardando o pagamento referente ao mês de setembro, que, sem qualquer aviso prévio, simplesmente
não foi pago. Embora os bolsistas
não possuam vínculo empregatício, a bolsa recebida tem o papel de salário para
esses acadêmicos, pois como dito anteriormente, eles estão trabalhando para
fazer jus a tal remuneração.
Existem
tratativas para a suplementação da verba necessária para o pagamento dos
bolsistas PIBID de todo o país, via um Projeto de Lei Nacional (PLN 17/2021 em
discussão no Congresso Nacional), mas sem nenhuma garantia de que o montante
seja suficiente para suprir as bolsas até o final desse projeto em curso, em
março de 2022.
No
momento, os pibidianos estão dividindo a atenção entre os trabalhos
desenvolvidos no projeto e a mobilização nas redes sociais e contato com
parlamentares, pela normalização do pagamento das bolsas. Gastando tempo e
energia em uma atividade que não seria necessária se os órgãos responsáveis
(CAPES e Governo Federal) “apenas” cumprissem o que havia sido proposto e
acordado por eles próprios.
Os
problemas enfrentados pelo PIBID atualmente não são um caso isolado no que se
refere aos recursos públicos, que deveriam ser destinados à Educação e a
Ciência, nota-se que o descaso com essas áreas tem sido sistemático, em
especial nos últimos 5 anos.
Pelo
exposto, nas próximas semanas a dinâmica de publicações da Revista “Atômica”
será um pouco diferente. Traremos discussões, entrevistas, rodas de conversa,
sobre o PIBID, a educação, ciência e tecnologia no Brasil de hoje.
Apesar de todo contexto desfavorável, e aproveitando o ano de seu centenário, nos ancoramos em Paulo Freire:
É preciso ter
esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem
esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é
espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é
construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é
juntar-se com outros para fazer de outro modo.
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