#SocioQuímica - A descoberta da insulina e sua síntese

A descoberta da insulina e sua síntese

Escrito por: Geovana Silva Faustino

A diabetes é uma doença muito comum em nossa sociedade, segundo a BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), atualmente estima-se que 463 milhões de pessoas vivem com essa enfermidade. Mas o que seria essa doença que assombra milhares de pessoas por todo o mundo? É uma doença metabólica crônica, a sua principal característica é o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Isso se dá por conta que a insulina não é produzida ou não funciona corretamente. A insulina é o hormônio que transporta a glicose do sangue para o interior das células.

A descoberta das diabetes foi um marco revolucionário para a ciência, em 1872 o alemão Gerg Ebers encontrou um documento antigo que descreve uma doença com a principal característica a emissão em abundância de urina. Provavelmente este documento era de 1.500 anos antes de Cristo. Entretanto, foi na Grécia antiga que surgiu o nome “diabetes”, dado por Arateus (CARTA CAPITAL, 2012). Nessa época os médicos identificaram as diabetes dos pacientes provando a sua urina, foi daí que surgiu o nome “Diabetes Mellitus” que significa açucarado em latim. Essa doença é caracterizada pela falta do hormônio insulina.      

Em 1921 dois cientistas da Universidade de Toronto, Banting e Charles Best descobriram e isolaram a insulina com a intenção de mostrar que a secreção exócrina pancreática que poderia aniquilar o composto químico sintetizado pelo conjunto de células (ilhotas de Langerhans).

Figura 1:Charles Best e Frederick Banting, em Toronto, ao lado de um dos cães utilizados na pesquisa, o Toto.

Fonte: Extraído da Universidade de Toronto.

Em 1922, as empresas farmacêuticas começaram a extração da insulina industrialmente do pâncreas de bois e porcos. Na extração era utilizado uma solução de álcool e ácido. Este processo então converte insulina suína em insulina humana. A insulina produzida por este método é utilizada até os dias atuais (Walsh e Headon. 1994). O que difere a insulina humana para a suína é de apenas um aminoácido como pode ser notado nas figuras 3 e 4. No aminoácido 30 da insulina suína é a alanina e no humano é a treonina.

Figura 3: Estrutura primária da insulina suína.        

Fonte: Extraído de (Can Stock Photo).

Figura 4: Estrutura primária da insulina humana



Fonte: Extraído de (Dreamstime).

A insulina suína deve ser purificada, há diversos métodos para realizar essa purificação das proteínas que minimizam o nível de impurezas como a cromatografia de interações hidrofóbicas de fase reversa. Esta técnica de cromatografia é capaz de isolar a insulina de um grande número de contaminantes.

Figura 5: Técnicas de purificação utilizadas na produção industrial de insulina.

Fonte: Extraído de Walsh e Headon (1994).

Figura 6:Insulina purificada em uma ampola de 1925 de Melbourne, na Austrália, e em frascos de um lote produzido em 1924 em Toronto, no Canadá.

Fonte: Extraído de Universidade de Toronto.

Atualmente a variedade do tratamento das diabetes é enorme como insulinas análogas de ação rápida, com ação prolongada, insulinas inaláveis, bombas, seringas e remédios como a metformina que costuma ser uma das primeiras opções no tratamento das diabetes.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) distribui desde 2018 a “Caneta da Saúde". Diferente das seringas as canetas já vêm preenchidas com a insulina assim facilitando a sua aplicação. E você, já parou pra pensar como a descoberta da insulina revolucionou a vida de milhares de pessoas por todo o mundo?

Figura 7: Canetas para a aplicação de insulina

Fonte: Extraído da Prefeitura de Maringá.

Referências Bibliográficas

CRUZ, Joel Mesquita. Adsorção de insulina em resina trocadora de íon utilizando leitos fixos e fluidizados. 1997. 118f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/267220>. Acesso em: 18 set. 2021.

CRUZ, A. M. da S.; BARROS, M. do A. T. de; RODRIGUES, A. P. R. A.; RIBAS, I. B.; OLIVEIRA, S. G. de. A DESCOBERTA E EVOLUÇÃO DA INSULINA INDUSTRIALIZADA. Caderno de Graduação - Ciências Biológicas e da Saúde - UNIT - ALAGOAS, [S. l.], v. 3, n. 2, p. 69–80, 2016. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/fitsbiosaude/article/view/2830. Acesso em: 18 set. 2021.

BRASIL. Caneta da Saúde. Sus. Caneta da Saúde. Disponível em: https://www.canetadasaude.com.br/a-caneta.html. Acesso em: 20 set. 2021. 

GOMES, Marília de Brito. Diabetes: recordando uma história. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, [S.l.], v. 14, n. 4, dez. 2015. ISSN 1983-2567. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/20069>. Acesso em: 21 set. 2021. doi:https://doi.org/10.12957/rhupe.2015.20069.

SORO DA VIDA: descoberta da insulina completa 100 anos salvando pessoas com diabetes. Salvador, 01 ago. 2021. Disponível em: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/soro-da-vida-descoberta-da-insulina-completa-100-anos-salvando-pessoas-com-diabetes/. Acesso em: 27 set. 2021.


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