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 A Presença da Química na História das Guerras

Escrito por: Ana Clara de Freitas

A Química está presente em todos os momentos da História da humanidade, desde a antiguidade até os dias de hoje, e em alguns momentos ela foi de extrema importância, como na história das guerras. Na segunda metade do século XIX, os agentes químicos já eram utilizados pela polícia francesa, como o 2-Clorobenzilideno malononitrilo (C10H5ClN2), representado pela figura 1, mais conhecido como gás lacrimogênio, que causa ardência, lagrima nos olhos e a visão embaçada. A partir dessa experiência na França e em outros países como na Alemanha, a polícia e os militares perceberam que a utilização de armas químicas poderia ser “vantajosa” por alguns aspectos como por exemplo o fato que a arma química matava mais pessoas em menos tempo, e também com a utilização de armas químicas as tropas adversarias seriam surpreendidas, e teriam maior dificuldade de reagir. (BORGES, SILVA, VILLAR, 2012)


Esse tipo de arma ganhou extrema importância na Primeira Guerra mundial quando o exército da Alemanha utilizou 180 toneladas de gás cloro (Cl2), contra o exército dos países aliados na Bélgica, isso deixou cerca de 15.000 vítimas, das quais 5.000 fatais. Nesse período, cada vez mais agentes químicos eram desenvolvidos e usados. Ainda durante a Primeira Guerra Mundial vários outros compostos químicos foram utilizados, dentre as substâncias destacamos alguns gases como: fosgênio (COCl2), está sendo  representado na figura 2,  que é um gás tóxico e corrosivo ;  cianeto de hidrogênio (HCN), conforme é  apresentado na figura 3, é um ácido fraco, extremamente tóxico para o corpo humano, além de ser extremamente volátil; cloreto de cianogênio (CNCl) conforme mostra a figura 4, é um asfixiante químico altamente volátil e tóxico que interfere na capacidade do corpo de usar oxigênio. Mas o gás desenvolvido nesse período que foi o uns dos mais utilizado é o 1,1-tio-bis-2-cloroetano, que é conhecido como gás mostarda, conforme a figura 5, esse gás causa queimaduras com formação de bolhas na pele e nas mucosas do trato respiratório, podendo levar à cegueira e morte por asfixia. Com desenvolvimento e uso desses agentes químicos estima-se que 1,3 milhões de pessoas morreram decorrente das armas químicas na primeira guerra Mundial. (BORGES, SILVA, VILLAR, 2012)

Com o fim da Primeira Guerra Mundial alguns acordos, tratado e protocolos foram estabelecidos para evitar uma grande guerra novamente. E um desses protocolos que foi assinado em 1925 era o protocolo de Genebra que proibia o uso, mas não a posse, de armas químicas.

Então, depois de alguns anos, com o crescimento do totalitarismo na Europa, e a expansão da Alemanha nazista, desencadeou a segunda Guerra Mundial. Com isso a Alemanha passou a não cumprir o protocolo de Genebra, passando a utilizar armas químicas, mesmo que em menor quantidade. Nesse período, os países envolvidos na guerra continuaram a desenvolver os agentes químicos, como alguns compostos organofosforados e nefrotóxicos, que eram chamados de agentes dos nervos, desenvolvido pelos alemães. (BORGES, SILVA, VILLAR, 2012)

Durante a segunda guerra mundial ocorreu os dos episódios mais tristes da história da humanidade, o holocausto, nesse período os nazistas realizavam experiências com o conforme ilustrado na figura 6 Zyklon B, representado pela figura 6, que é o Cianureto de Potássio (KCN) ou ácido prússico. Esse composto, em forma de comprimido, quando entrava em contato com o ar tinha um efeito mortal. Essa substância intoxica o sangue, pois o íon cianeto liga-se às hemácias no lugar o oxigênio, acarretando a uma “asfixia” e uma morte rápida. Após vários experimentos realizados, os alemães viram o grande potencial mortal que o gás tinha e começaram a utilizá-lo para matar os judeus em câmaras de gases, assim a morte acontecia em segundos e em grandes quantidades. (VIEIRA et al., 2017)

Logo após a segunda Guerra os países aliados confiscaram agentes químicos armazenados nas bases nazistas. Parte do material foi levado para laboratórios de países aliados, especialmente os EUA. A análise desse material certamente fomentou o desenvolvimento de armas químicas pelos norte-americanos. As pesquisas também se desenvolveram na União Soviética no período pós Segunda Guerra, e a corrida pela produção de armas químicas foi mais um dos capítulos da chamada Guerra Fria.

Mas talvez o momento histórico em que as armas químicas tenham sido mais evidenciadas foi na guerra do Vietnã (1959 a 1975) entre o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul. As armas químicas foram utilizadas pelas tropas sul-vietnamitas, apoiadas pelos norte-americanos, dentre elas citamos o Agente Laranja, representado pela figura 7, que é um herbicida, e tem em sua composição dioxinas que são contaminantes que podem ser encontrados na água, quando o está solo contaminado e no ar. A partir da dioxina de dois componentes são formados: o , o 2,4 – D e 2,4,5 – T, que são muito nocivos à saúde. O agente laranja tinha como efeito, fazer as folhas das árvores caírem não deixando que os soldados se escondessem na mata. Causando sérios danos ao meio ambiente. O outro agente químico utilizado foi o napalm que tem na sua composição alcanoatos de alumínios (sabão de alumínio), que se torna uma mistura de líquidos inflamáveis, à base de Gasolina gelificada, ele é um espessante de tais líquidos, que quando é misturado com gasolina se transforma em gel pegajoso e incendiário. napalm, em combustão, gera temperaturas superiores a 1.000 ºC. 

E também libera o monóxido de carbono, sendo assim fazendo vítimas também por asfixia, ele também foi usado pelas tropas norte americanas e Sul-vietnamitas nos confrontos. (JUNIOR; SANTOS; NUNES; RIBEIRO, 2003).

Apesar das inúmeras atrocidades cometidas durante as Guerras citadas, essas substâncias, que foram utilizadas como armas químicas, nem sempre foram produzidas com essa finalidade. Porem o homem escolheu, em determinado momento fazer uso das mesmas por conta de seu potencial de devastação. O que nos leva a reflexão que o perigo não está na ciência e nem seu desenvolvimento, mas sim uso que o homem faz dela.

 

Referências Bibliográficas

AMARANTE JÚNIOR, Ozelito Possidônio de; SANTOS, Teresa Cristina Rodrigues dos; NUNES, Gilvanda Silva; RIBEIRO, Maria Lúcia. Breve revisão de métodos de determinação de resíduos do herbicida ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D). Química Nova, [S.L.], v. 26, n. 2, p. 223-229, mar. 2003. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-40422003000200015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/7pGw8J9XmdyWC5tjWJkWPnp/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 09 jun. 2021.

SILVA, Gustavo Rocha; BORGES JUNIOR, Itamar; FIGUEROA-VILLAR, José Daniel. Defesa Química: histórico, classificação dos agentes de guerra, e ação dos nefrotóxicos. Química Nova, Rio de Janeiro, v. 35, n. 10, p. 2083-2091, 04 set. 2012. Disponível em: http://static.sites.sbq.org.br/quimicanova.sbq.org.br/pdf/Vol35No10_2083_32-AG11862.pdf. Acesso em: 09 jun. 2021.

VIEIRA, Beatriz Cristina de Oliveira et al. Zyklon B. In: SEMANA DE ENSINO, EXTENSÃO E PESQUISA, 1., 2017, Araquari. Resumo [...] . Araquari: Instituto Federal Catarinense Campus Araquari, 2017. p. 1-1. Disponível em: http://eventos.ifc.edu.br/sepe/wp-content/uploads/sites/22/2017/11/Zyklon-B.pdf. Acesso em: 14 jun. 2021.

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